terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

EU O CALOR E A BARATA!!!

Eu, o calor e a barata

Tento abrir os olhos e quase não consigo pela
remela que insiste em não desgrudar. Um calor
insuportável. Penso em levantar, já deve ser dia.
Vou até a janela e apenas a escuridão envolve
meu olhar. Persigo o relógio que deveria estar
sobre a mesinha ao lado da cama. É claro que
sumiu e agora não vou procurar. Azar não importa
as horas. Vou tomar um copo d'água e voltar a
dormir. Chego à frente da geladeira e quem eu
encontro?! Uma maldita barata. Não é que eu
tenha medo, mas... - que nojo! Chego a sentir o mal
cheiro. Fico a pensar: Por onde ela passou, quanto
cocô, quanto mijo, argh! Não vou conseguir
dormir pensando que ela pode me atacar. Pior!
Pode entrar na minha boca quando voltar a
dormir. Começo a me coçar e parece que ela está
a subir pelas minhas pernas, nossa!-Poxa, como
não posso ficar com essa hóspede indesejável
terei que acabar com esse pesadelo. Corro até a
área para pegar a vassoura e então começa a mais
árdua luta para voltar a ter condições mentais para
dormir. -Nossa como está insuportável o calor! E
o suor escorre pela testa e a irritação aumenta
conforme a maldita barata foge e esconde-se atrás
do armário sem que eu possa vê-la. -Fica muito
difícil dormir sabendo que o inimigo fica a
espreita e inapelavelmente vai atacar assim que eu
cochilar, pior! Se piscar ela me pega. E o calor
insuportável faz com que no final da tortura eu
tenha um breve deslize. Então sinto o aproximação
rápida do ser em questão e como que acordado
por Deus nessa verdadeira cruzada me deparo
com o olhar rasteiro de sarcasmo daquele inseto
devastador dos meus sonhos que por fim cai
diante da força descomunal pelo golpe que lhe
imponho. Quando me dou conta do ocorrido
percebo que batem a porta do apartamento. Me
pergunto quem seria?! Entre um misto de espanto
e curiosidade, caminho até a porta e escuto meu
vizinho com a cara mal lavada me chingando pelo
barulho que fizera. Disposto a explicar o ocorrido
tento abrir a porta, mas noto que a chave esta
quebrada e com toda a sorte que tenho uma parte
a menor esta perdida dentro do miolo da
fechadura. Naquele instante pensa ele que estou
com medo de abrir a porta e chinga mais alto
ainda mostrando toda sua valentia e eu ali meio
com sono, cansado da luta com um pedaço de
chave na mão sem saber o que dizer. Volto até o
quarto e grito para ele vir até a janela para que eu
possa explicar, mas quando vou abri-la a tampa da
caixa que fica acima da mesma cai sobre minha
cabeça em seguida bate em minha mão causando
um corte profundo então começo a esbravejar: - Filho
da puta, vai tomar no cú e outros impropérios
daqueles que se transformam em desabafo pela
dor que sentira sem me dar conta que o vizinho
estava ali esperando uma explicação a qual se
surpreende com o vocabulário em questão. Não
preciso dizer que ele me odeia até hoje. Aquelas
alturas já quase de manhã sem entender o que
acabara de acontecer fico resignado a me
perguntar quem vencera a batalha afinal. Eu que
matei a barata ou ela que arde nos quintos dos
infernos ou onde quer que esteja deve estar rindo
pois a noite passou e o sono, ah bendito sono,
nunca mais vou recuperar. Apago a luz para
economizar e é claro pra não dizer que termina
assim ainda tomei um choque na tomada
estragada que é só pra eu saber com quem estou lidando.
É a minha vida que começa um novo ciclo.
Eu, o calor e a barata.

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